Post Page Ads

Post Page Top Ads

‘DORMIR DE OLHOS ABERTOS’ NOVO FILME DA SESSÃO VITRINE PETROBRAS

 “O filme é lindo e apresenta um ponto de vista sobre o Recife e sobre o Brasil, a partir do estrangeiro, nunca antes visto. Poliglota, contém graça, estranheza e Gal Costa”. Foi com essas palavras que o cineasta Kleber Mendonça Filho, responsável por “O Som ao Redor” e “Bacurau”, descreveu “DORMIR DE OLHOS FECHADOS”, que chega aos cinemas no dia 11 de setembro pela Sessão Vitrine Petrobras.



O filme, dirigido pela alemã Nele Wohlatz, é produzido por Emilie Lesclaux ao lado de Kleber Mendonça Filho. A história segue o olhar de Kai, que vem de Taiwan passar férias do Brasil e conhece outros estrangeiros que pulam de cidade em cidade em busca de trabalho. Entre encontros e desencontros, ela se conecta com as histórias dessas pessoas — especialmente a de Xiaxin — e tenta decifrar um país e uma cultura muito diferentes dos seus.

Lançado mundialmente no Festival de Berlim, “DORMIR DE OLHOS FECHADOS” saiu do evento eleito o melhor da seção Encontros, segundo a Federação Internacional de Críticos de Cinema, a Fipresci. Em seguida, fez um longo percurso com passagens por alguns dos festivais mais importantes do mundo, como IndieLisboa, Kárlovy Vary, San Sebastián, Mostra de Cinema de São Paulo e Festival do Rio, sua estreia nacional, com uma sessão apresenta por Kleber Mendonça Filho.

Para estrelar esta comédia silenciosa de mal-entendidos com uma dramaturgia bem longe do tradicional, Wohlatz recrutou atores iniciantes e profissionais, como o argentino Nahuel Pérez Biscayart, de “120 Batimentos por Minuto”. O longa-metragem é falado em mandarim, português, espanhol, inglês e alemão.

SINOPSE

Numa cidade litorânea do Brasil, Kai chega de Taiwan para passar as férias com o coração partido. Um ar-condicionado quebrado faz com que ela entre por acaso na loja onde Fu Ang vende guarda-chuvas. Eles poderiam se tornar amigos, mas a chuva não vem e ele — e sua loja — somem do mapa. Na procura por Fu Ang, Kai conhece um grupo de trabalhadores chineses num arranha-céu luxuoso e se sente misteriosamente conectada com a história de um deles, Xiaoxin.

A DIRETORA

Nele Wohlatz (Alemanha, 1982) estudou cenografia e filosofia na Universidade de Artes Aplicadas de Karlsruhe e cinema na Universidade Torcuato Di Tella, em Buenos Aires, onde viveu por 12 anos. Em seus filmes, ela explora as conexões entre linguagem e linguagem cinematográfica, assim como os limites entre ficção e documentário.

Seu trabalho já foi exibido em festivais como Locarno, Rotterdam, Viennale, Mar del Plata, além de instituições como o Lincoln Center e o MoMA, em Nova York. Dirigiu curtas, como “Schneeränder” (2009) e “Novios del Campo” (2009), e os longas “Ricardo Bär” (2013), realizado em parceria com Gerardo Naumann e premiado no FIDMarseille.

Seu primeiro longa de ficção, “Futuro Perfeito” (2016), recebeu diversos prêmios, incluindo o Leopardo de Ouro de Melhor Primeiro Filme em Locarno, e foi convidado para mais de 70 festivais internacionais.

“DORMIR DE OLHOS FECHADOS” é o terceiro longa da cineasta.

A VISÃO DA DIRETORA

O que inspirou o filme e o processo criativo?

Meu último filme, “Futuro Perfeito”, gira de forma lúdica em torno de questões de linguagem e identidade após a migração. É um filme otimista.

Algum tempo depois de terminá-lo, a atriz principal, Xiaobin Zhang, me disse: “Agora estou aqui em Buenos Aires, e estou bem. Acho que poderia ir para qualquer lugar e me adaptar, mas não existe mais um lugar onde eu realmente sinta que pertenço.”

Naquela altura, eu já vivia como estrangeira na Argentina havia mais de dez anos. Dez anos é tempo suficiente para perder a sensação de pertencimento ao país de origem — e também para perceber que sua condição de estrangeira sempre será visível, te impedindo de se tornar parte invisível da nova sociedade.

A partir dessas experiências, surgiu o desejo de fazer um filme que pudesse se passar em qualquer lugar do mundo, com pessoas que poderiam ter ido para qualquer outro lugar, e que pareciam não pertencer a lugar nenhum.

Num festival, o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho me contou sobre as "torres gêmeas", um condomínio de luxo construído ilegalmente em sua cidade natal, Recife. Conflitos culturais alimentados por preconceitos raciais estouravam entre os brasileiros “legítimos” e os novos moradores chineses, que eram excluídos da ordem social. As “torres gêmeas” pareciam um mito urbano absurdo, mas que continha exatamente o contexto que eu procurava.

Xiaobin viajou comigo duas vezes para Recife. Foi assim que tudo começou: duas estrangeiras, ambas já não se sentindo mais em casa em Buenos Aires, entrevistando a comunidade chinesa de Recife sobre suas dificuldades em pertencer.

Qual o significado por trás do título do filme?

Fiquei surpresa com a informalidade com que o conhecimento necessário para tocar um negócio com produtos chineses importados é transmitido em Recife. Pessoas se mudam para o outro lado do mundo sem falar o idioma e sem qualquer preparação. Parentes ou conhecidos os ajudam a vir ao Brasil com visto de turista. Dão moradia e trabalho não remunerado por um tempo. Assim, aprendem o básico e abrem seu próprio negócio o quanto antes.

É um sistema complexo de dependências mútuas — que, visto de fora, às vezes é mal interpretado como exploração.

Esse conhecimento não está escrito em lugar nenhum. E a cabeça de Fu Ang está cheia desse "manual não escrito para imigrantes chineses". Uma das regras poderia ser: ‘durma com os olhos abertos’. Não durma — pelo menos não profundamente.

ELENCO

Liao Kai Ro …………… Kai
Chen Xiao Xin …………… Xiaoxin
Wang Shin-Hong …………… Fu Ang
Nahuel Pérez Biscayart …………… Leo
Lu Yang Zong …………… Yang Zong

FICHA TÉCNICA

Direção: Nele Wohlatz
Produção: Emilie Lesclaux, Kleber Mendonça Filho, Justine O., Roger Huang, Violeta Bava, Rosa Martínez Rivero, Meike Martens, Nele Wohlatz
Roteiro: Nele Wohlatz, Pío Longo
Direção de Fotografia: Roman Kasseroller
Direção de Arte: Diogo Hayashi
Figurino: Rita Azevedo
Produção Executiva: Dora Amorim, Maurício Macedo
Gerência de Produção: Mariana Jacob
Montagem: Yann-shan Tsai, Ana Godoy
Som Direto: Javier Farina
Direção de Som: Mercedes Tennina, Tu Duu-Chih
Mixagem de Som: Sebastián González, Tu Duu-Chih
Correção de Cor: Hung Wen Kai
Supervisão de Efeitos Visuais (VFX): Tu Wei Ting
Ano e países de produção: Brasil, Argentina, Taiwan e Alemanha, 2024
Duração: 97 min

Postar um comentário

0 Comentários