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CRÍTICA: A VIDA DE CHUCK

Dirigido por Mike Flanagan, A Vida de Chuck é uma história contada de trás pra frente, que aos poucos vai revelando não o que torna alguém extraordinário, mas o que há de profundamente humano e comovente naquilo que parece comum. 



O filme se afasta do terror típico das outras obras do diretor, mas ainda carrega sua marca registrada: a capacidade de transformar cenas simples em experiências cósmicas, onde o tempo, o silêncio e o vazio ganham peso emocional.


A estrutura reversa funciona como metáfora de legado. À medida que recuamos no tempo, os momentos cotidianos, como uma conversa, uma lembrança de infância ou um gesto espontâneo, ganham uma espécie de brilho residual, porque já foram atravessados por tudo o que ainda não vimos. 


A narrativa não se apoia em grandes feitos, mas insiste na ideia de que o que permanece são as pequenas presenças, os vínculos discretos, os afetos quase invisíveis.



Tom Hiddleston carrega o centro da narrativa com delicadeza, e é dele uma das cenas mais marcantes do filme: uma dança em meio ao caos, um gesto que poderia soar exagerado, mas que se transforma em poesia visual sobre viver com intensidade quando o tempo já parece escasso. 


É uma cena que sintetiza bem o tom do filme, que oscila entre o doce e o brega, mas se mantém entregue e sincero.

Ainda assim, A Vida de Chuck nem sempre encontra equilíbrio. O primeiro ato é o mais atmosférico, melancólico e envolvente, com um tom apocalíptico silencioso que nos faz esperar por uma recompensa emocional maior. Mas conforme a história retrocede, a força inicial vai se diluindo. 


A metáfora do colapso do universo, apesar de visualmente impactante, parece maior do que o necessário, como se o filme não confiasse na simplicidade da história que quer contar.


A narração, por vezes, se torna expositiva demais. Os coadjuvantes, por melhores que sejam, mal têm tempo para existir. E o que começa como um sussurro bonito termina como um discurso um pouco repetitivo. 



Ainda assim, há sinceridade na tentativa. A Vida de Chuck é um filme doce, existencial, esperançoso, e mesmo tropeçando em sua própria ambição poética, entrega momentos de afeto que não pedem explicação.

Talvez não seja necessário entender tudo, mas apenas sentir. Ou, pelo menos, tentar encontrar algum sentido em estar vivo enquanto tudo inevitavelmente escapa. 

E se em algum momento isso parecer profundo demais, tudo bem. Sempre vai ter alguém no filme lembrando que nós contemos multidões.



Adaptado do conto de Stephen King, A VIDA DE CHUCK é dividido em três atos e é a quarta adaptação que Flanagan faz do escritor para o audiovisual.

O cineasta já comandou produções como ‘Jogo Perigoso’ e ‘Doutor Sono’, além de estar atualmente à frente da série de TV ‘A Torre Negra’.

Ao contrário das citadas, o diretor não traz terror para esta obra. Dessa vez, traz para as telas um filme emocionante sobre os momentos marcantes da vida de um homem ordinário.

Com protagonismo de Hiddleston, o elenco de A VIDA DE CHUCK conta com grandes nomes do cinema, como Mark Hamill, Chiwetel Ejiofor, Jacob Tremblay, Karen Gillan, Annalise Basso, Mia Sara, que retorna da sua aposentadoria apenas para trabalhar com Flanagan, Nick Offerman e nomes já conhecidos do cinema de Flanagan, como Rahul Kohli e Kate Siegel.

Com distribuição da Diamond Films, a maior distribuidora independente da América Latina, A VIDA DE CHUCK chega aos cinemas brasileiros em 4 de setembro.

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