CRÍTICA BY RAPHAEL RITCHIE: ¨Wicked: For Good retorna a Oz com olhos de quem já viu demais para se iludir, mas ainda assim decide acreditar. Elphaba e Glinda agora seguem caminhos opostos. Uma se esconde, a outra brilha.
E a separação entre as duas não é só um ponto de partida, mas o reflexo de tudo que ainda pulsa entre elas, mesmo quando o tempo, o poder e a fama tentam apagar o que foi vivido.
O mundo ao redor se amplia. Oz se alonga em novos cenários, ganha contornos mais luminosos e uma direção que trata a fantasia como matéria sólida, capaz de ser moldada sem perder o brilho. A estética costura o encantamento antigo com a lógica de espetáculo moderno.
É grandioso, mas não vazio. E entre cada transformação de cena, os números musicais surgem como pequenos feitiços que empurram a narrativa com delicadeza e ritmo. Mesmo sem um novo Defying Gravity, há melodias que piscam para o passado, acenando para quem carrega essa história na pele.
As conexões com o universo de O Mágico de Oz aparecem como raízes que voltam à superfície. Personagens conhecidos retornam sob nova perspectiva, revelando a costura entre os filmes sem depender de nostalgia gratuita. Tudo parece parte de um ciclo natural, onde o que já sabíamos ganha nova luz, e o que não sabíamos se encaixa com leveza. As emoções têm memória, e esse roteiro entende isso.
Mas talvez o que mais surpreenda seja a forma como o encantamento se mistura à crítica. Não há aqui um mundo perfeito onde tudo é solucionado por mágica. Pelo contrário, esse universo fala de censura, medo, silenciamento.
O controle da narrativa, o terror diante do que escapa ao padrão e a tentativa de apagar as vozes que incomodam não ficam escondidos sob o figurino. São parte dele. Essa fantasia espelha um presente em que se grita muito para calar. A magia não serve como fuga, mas como lente de aumento.
Entre as interpretações, Cynthia Erivo entrega uma Elphaba contida e poderosa, com uma presença que cresce mesmo quando sua voz silencia. Já Ariana Grande brilha com o carisma esperado, mas deixa a desejar nos momentos em que a emoção exige rachadura.
Ela performa com precisão, canta como se não houvesse gravidade, mas parece protegida demais de qualquer falha. Como se o figurino não permitisse que a dor passasse. E isso enfraquece parte da transformação da personagem, que permanece polida quando precisava rachar.
Ainda assim, Wicked: For Good é uma carta de retorno que sabe o que quer dizer. Pode não ser tão arrebatador quanto o primeiro ato, pode até repetir alguns encantamentos, mas tem consciência de que não basta reviver. É preciso olhar para trás com outra emoção, outro tempo.
E é nesse intervalo entre lembrança e reinvenção que o filme encontra sua nota mais afinada. Um tom de saudade que não paralisa, mas embala. Um desejo de reencontro que não idealiza, mas acolhe. Uma amizade que se move no tempo como um feitiço que sobreviveu ao próprio desfecho. Onde tudo é som, cor, e uma memória que insiste em voltar a cantar¨.
O capítulo final da história não contada das bruxas de Oz começa com Elphaba e Glinda separadas, vivendo com as consequências de suas escolhas. Elphaba (Cynthia Erivo) vive no exílio, escondida na floresta de Oz, enquanto continua sua luta pela liberdade dos Animais silenciados e tenta desesperadamente expor a verdade que conhece sobre O Mágico (Jeff Goldblum).
Enquanto isso, Glinda se tornou o glamouroso símbolo da Bondade para todo o reino de Oz - ela vive no palácio da Cidade das Esmeraldas e desfruta das vantagens da fama e da popularidade. Sob a orientação de Madame Morrible (Michelle Yeoh, vencedora do Oscar), Glinda tem se tornado um conforto efervescente ao povo de Oz ao tranquilizar as massas de que tudo está bem sob o governo do Mágico.
Quanto mais cresce a fama de Glinda, e se intensificam os preparativos para o seu casamento com o Príncipe Fiyero (Jonathan Bailey, vencedor do Prêmio Olivier e indicado aos prêmios Emmy e SAG) em uma espetacular festa oziana, ela se sente cada vez mais assombrada pela separação de Elphaba.
Sua dedicada tentativa, provavelmente frustrada, de intermediar uma reconciliação entre Elphaba e o Mágico podem inclusive afastá-las ainda mais. As consequências disso vão transformar Boq (Ethan Slater, indicado ao Prêmio Tony) e Fiyero para sempre, e ameaçar a segurança da irmã de Elphaba, Nessarose (Marissa Bode), quando uma garota do Kansas invadir a vida de todos eles.
Enquanto uma multidão enfurecida se ergue contra a Bruxa Má, Glinda e Elphaba vão precisar se unir uma última vez. A singular amizade delas agora assume uma posição determinante no futuro das duas, que vão precisar se olhar e se reconhecer de verdade, uma à outra, com honestidade e empatia, se quiserem mudar a si mesmas — e todo o reino de Oz — para sempre.
O longa também é estrelado por Bowen Yang e Bronwyn James, indicados ao Emmy, como os assistentes devotados de Glinda, Pfannee e ShenShen, além da indicada aos prêmios BAFTA e Grammy, Sharon D. Clarke (Caroline, or Change), como a voz de Dulcibear, a babá de Elphaba quando criança.
“Wicked: Parte II” é baseado no musical que marcou toda uma geração, com música e letras do lendário compositor e letrista vencedor do Grammy e do Oscar, Stephen Schwartz, e libreto de Winnie Holzman, inspirado no best-seller de Gregory Maguire.
O roteiro é assinado por Winnie Holzman e Winnie Holzman & Dana Fox. A trilha sonora foi composta por John Powell & Stephen Schwartz, com música e letras de Stephen Schwartz.



.png)

0 Comentários