Crítca by Raphael Ritchie: ¨Três soldados desertores buscam abrigo no meio do nada, mas o que encontram é uma casa cercada de silêncios, violência e um horror mais ancestral do que a guerra que deixaram para trás. 
A Própria Carne mistura história, isolamento e sobrenatural com ambição, mas entrega uma experiência irregular que oscila entre o curioso e o imaturo.
A trama se passa no fim da Guerra do Paraguai, mas o contexto histórico mal aparece na tela. Falta densidade, talvez por limitação de orçamento, talvez por escolha estética. 
O que temos são vestígios: uniformes rasgados, feridas abertas e uma tensão que os personagens carregam sem que a gente entenda muito bem de onde vem. 
O roteiro aposta mais na sugestão do que na construção, e isso pode funcionar em alguns momentos, mas aqui parece mais ausência do que mistério.
A estrutura de soldados, casa isolada e segredos é familiar no cinema de terror, e o filme tenta manejar essa combinação com clima e estranhamento. 
O som é um dos recursos mais evidentes para isso. 
Há cuidado, há intenção, mas às vezes soa exagerado ou até artificial, com trechos que parecem redublados ou trilhas que sublinham demais o que está acontecendo.
A sensação é de um projeto ainda em busca de equilíbrio, o que é compreensível, mas também frustrante, já que o universo em que ele se insere carrega grande expectativa.
Esse é o primeiro longa do Jovem Nerd, uma marca já consolidada entre o público geek. E isso vem com peso. A comunidade esperava algo impactante, ousado, com pulso criativo forte. E A Própria Carne até tenta. 
Mas no meio das cenas longas, dos diálogos expositivos e da mise-en-scène ainda engatinhando, o que aparece é um filme que ainda está tentando entender a própria linguagem.
Há ideias interessantes, como o uso da casa como metáfora do Brasil profundo, preso entre violência, trauma e um passado que se recusa a morrer. Mas falta acabamento. Falta maturidade narrativa. 
O texto é verborrágico, a direção vacila entre o literal e o simbólico, e a tentativa de articular terror histórico com horror psicológico acaba deixando tudo pela metade. Não dá medo, não dá calafrio, no máximo uma leve curiosidade pelo que virá depois.
A Própria Carne talvez funcione melhor como marco inicial do que como obra em si. É o começo de um projeto que ainda vai se construir e que pode crescer com os erros cometidos aqui. 
Mas por enquanto, é um filme que mostra mais vontade do que domínio e que, apesar de tentar encarar os horrores da guerra e da alma humana, acaba sendo engolido por suas próprias ambições¨.
O filme é uma coprodução da Neebla e da Nonsense Creations, de Deive Pazos e Alexandre Ottoni. No elenco estão Luiz Carlos Persy, Jorge Guerreiro, Jade Mascarenhas, George Sauma e Pierri Baitelli. 
O filme acompanha a chegada de três soldados desertores em uma casa isolada na floresta, durante a Guerra do Paraguai, em 1870. 
O que parecia ser um refúgio seguro logo se torna um cenário de pesadelo, conforme os fugitivos descobrem que o fazendeiro misterioso e a jovem que moram no local escondem segredos macabros. “A Própria Carne” estreia em 30 de outubro com exclusividade na Rede Cinemark.
Elenco
Luiz Carlos Persy - Fazendeiro
Jorge Guerreiro - Gustavo
Jade Mascarenhas - Garota
George Sauma - Anselmo
Pierri Baitelli - Gabriel
Ficha Técnica
Diretor: Ian SBF
Roteiro: Ian SBF, Alexandre Ottoni e Deive Pazos
Colaboração de roteiro: Leonel Caldela
Produção: Nonsense Creations, Neebla
Produção Executiva: Maria Monteiro e Glauco Urbim
Distribuição: Jovem Nerd, Cinemark
Ano de produção: 2024
Gravações: Farroupilha-RS.
Direção de Fotografia: Vinicius Brum
Direção de Arte: Martino Piccinini
Gênero: Terror
Nacionalidade: Brasil
Ano de lançamento: 2025





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