Crítica by Raphael Ritchie: ¨#SalveRosa parte de um ponto que parece muito familiar, a rotina de uma adolescente que vive diante das câmeras, moldada por seguidores, métricas e uma mãe que enxerga na filha mais um projeto do que uma pessoa.
Mas o filme não se limita a explorar o brilho artificial desse mundo. Ele mergulha na tensão entre a imagem e o corpo real, entre a infância que foi interrompida e a vida adulta que chegou antes da hora.
Aos 13 anos, Rosa vive aprisionada por uma lógica que a força a performar o tempo todo, até o cansaço. Quando desmaia na escola, o que parecia apenas um colapso físico se transforma numa abertura simbólica, um ponto de ruptura entre a versão que o público consome e a verdade que ela tenta entender.
A partir daí, o filme ganha contornos de mistério, mas o suspense nasce menos de sustos e mais da revelação lenta de um ambiente adoecido.
A mãe, interpretada por Karine Teles, é talvez a figura mais inquietante da narrativa. Sua Dora é obsessiva, carente e ao mesmo tempo encantadora. Uma mulher que acredita estar garantindo o futuro da filha enquanto, na verdade, rouba dela o presente.
Essa relação é o eixo emocional que sustenta o filme: o amor travestido de controle, o zelo que sufoca, a dependência que se retroalimenta. A câmera parece sempre capturar as duas em um jogo de poder silencioso, em que cada gesto de afeto esconde uma manipulação sutil.
Visualmente, o filme entende o universo digital como palco de um horror moderno. As luzes, os filtros, as cores saturadas, tudo parece bonito demais, até que a beleza começa a parecer sinistra.
As cenas dentro de casa, por outro lado, são opacas, quase sem ar. Essa oposição entre o virtual e o íntimo constrói o verdadeiro terror de #SalveRosa, o de existir apenas quando alguém está olhando.
Ainda que algumas reviravoltas pareçam previsíveis e certos personagens secundários passem rápido demais, o que fica é o desconforto.
A sensação de que, por trás de cada tela, há uma criança tentando entender quem é, enquanto o mundo aplaude a performance que ela não teve tempo de escolher¨.
Dirigido por Susanna Lira e produzido pela Panorâmica, em coprodução com a ELO STUDIOS e a Paramount Pictures, o filme tem a ideia original de Mara Lobão e o roteiro assinado por Ângela Hirata Fabri.
“É fácil imaginar todo tipo de relação abusiva que pode acontecer quando crianças tão pequenas começam a sustentar a família e a crescer sob o olhar e o julgamento constante do público.
O que vai acontecer quando elas virarem adultas e não precisarem mais dos pais? Então toda a história nasceu do desejo de investigar essa realidade que existe atrás da tela”, explicou a criadora e produtora Mara Lobão.
“Salve Rosa” acompanha a jovem Rosa (Klara Castanho), cuja fama transforma a rotina ao lado da mãe, Dora (Karine Teles). As duas se mudam para um condomínio fechado no Rio de Janeiro, e Dora não mede esforços para cuidar da carreira da filha. Mas, em um thriller repleto de reviravoltas, nada é o que parece.
Ficha técnica
Direção: Susanna Lira
Criação: Mara Lobão
Produção e Supervisão Artística: Mara Lobão e Rodrigo Montenegro
Roteiro: Ângela Hirata Fabri
Diretora de Fotografia: Lílis Soares
Diretora de Arte: Monica Palazzo, ABC
Montagem: Diana Vasconcellos, ABC
Produção Executiva: Vanessa Jardim
Line Producer: Leila Lobão
Direção de Produção: Renata Martins
Figurinista: Renata Russo
Caracterizador: Luiz Gaia
Trilha Sonora Original: Flavia Tygel
Trilha Sonora Universo Rosa: Ruben Feffer
Técnico de Som: Marcel Costa




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